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Freguesia

A arqueologia não tem desvendado, por aqui, dados relevantes sobre as antigas ocupações da freguesia. Um bloco de granito esculturado com zoomorfia, representando um bovídeo, foi em tempos revelado por Penteado Neiva como se tratasse, hipoteticamente, e um berrão proto-histórico. Em posterior apreciação, porém, o mesmo autor refere outra interpretação, classificando esta escultura (até á data no Museu de Arte Sacra em Esposende) como provável elemento arquitectónico medieval, “de recorte românico”, mais propriamente uma “empena”. Conjugando a este elemento, uma pia baptismal que se encontra na Capela de Nossa Senhora da Barca do Lago e um túmulo em granito existente no lugar da Quinta, Penteado Neiva supõe que por aí terá existido um templo românico, o que não será de admirar, pois que a freguesia de São Miguel de Gemeses surge já documentado, pelo menos, na primeira metade do séc. XIII. De facto nas “Inquirições” de 1220, surge a paróquia designada como “Sancto Michaele de Gemecios”, integrando a Terra de Neiva. Com D. Afonso III, em 1258, é denominada “””Sancti Michaelis de Julmezes”. O topónimo Gemeses deu azo a uma interpretação sugestiva, mas sem qualquer fundamento documental ou arqueológico. Deve-se a Gomes Pereira, autor que terá radicado numa pretensa “villa geminensis” (do latim “gemini”, que deu “gémeos”) a actual designação. Outro interessante topónimo, de indubitável filiação germânica - “Porto de Gonduffi” –surge já nas aludidas “Inquirições” de 1258. Ali também se refere um “Fernandus do Lago”, o qual, segundo diversos autores, será o conhecido trovador, Fernão do Lago, conhecido como autor de diversas cantigas de amigo da época medieval. Numa das suas composições poéticas surge, inclusivamente, uma alusão a Nossa Senhora da Barca do Lago (“Sancta Maria do Lagu’ey grã sabor”), informação preciosa que faz remontar aquela festa á Baixa Idade Média (Alberto Antunes de Abreu).

Disponha-se o visitante a conhecer um pouco do património edificado nesta freguesia, encetando a sua ronda pelos diversos solares existentes na Barca do Lago pode admirar-se um interessante edifício senhorial setecentista, com portal armoriado e torreão de três pisos, conhecido por Casa das Eiras. Logo defronte está a Casa da Quinta da Barca do Lago onde nasceu a 29 de Maio de 1818 José Pereira da Costa, primeiro exportador de Vinho do Porto para o Brasil.

Muito arruinada está a Casa da Quinta da Torre, construção oitocentista murada e ameada, que teve capela particular e pedra de armas. Em situação contrária encontra-se a Casa do Visconde da Fervença, edifício do séc. XVIII outrora brasonado. A igreja paroquial data do segundo quartel do séc. XVIII, construindo-se num bonito e dimensionado templo.

Retirado do livro: ESPOSENDE A Terra e o Mar